segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Flor de deserto






Numa paisagem incomum, coberta de sequidão,
Nasce uma flor tão pequena, soterrada pelo árido chão.
De longe é possível observar sua luta contra a natureza,
Delicada, embora guarde em si, grande destreza.

De dia o sol escaldante não lhe dar sossego,
Lança seus raios impetuosos causando-lhe muito medo.
À noite quando pensa estar segura, o frio vem lhe castigar,
Se ao menos tivesse companhia, poderia esse tormento compartilhar.


As tempestades de areia assombram o seu coração,
Trazem consigo dois fortes sentimentos: dor e frustração.
A flor que já enfrentou algumas, aprendeu a lidar com elas,
São violentas e assustadoras, mas também são passageiras.

O tempo vai passando e a pequena aprende a revidar,
Mede forças com a natureza como se a pudesse derrotar,
Mas o deserto é forte como um rochedo, e paciente para lhe ensinar os seus segredos.

Não é de admirar que depois de tanto tempo a flor esteja tão dura,
Fria e gélida, perdeu assim, toda a sua doçura...
De tanto que lutou, não enxerga mais a beleza,
Vive esperando o seu fim, a fim de livrar-se da tristeza.

Aquela flor altiva, cheia de vida e vontade de viver,
Agora se curva infeliz esperando a morte aparecer.
Enquanto se encontra com o rosto em terra, reconhecendo a vitória da natureza,
Uma gota de chuva cai do céu banhando suas folhas com leveza.

A flor olha para o céu e fica ali por muito tempo
Anestesiada, extasiada, num misto de dor e contentamento.
Por um momento sente esperança e se entrega a ternura,
Vive como se fosse o ultimo, e por instantes esquece a amargura.

A flor entendeu que não dá para medir forças com o deserto,
Que ele é parte dela e estará sempre por perto.
Se o olhar atentamente, vai enxergar grande beleza,
Pois a verdade é que só reconhece a felicidade, quem já conviveu com a tristeza.  

[Daiane Matos M. Cruz]   

Onde está Deus?



Onde está Deus?
-Deus está no céu, assentado em seu trono de Glória, dando ordens aos seus anjos e tendo em suas mãos o controle de todo o mundo...

Onde está Deus?
- Deus está na natureza, no canto, no vôo, no desabrochar, no morrer e no brotar de uma nova vida.

Onde está Deus?
- Deus está conosco, sendo Emanuel, presença amiga, presença paterna, presença solícita...

Onde está Deus?
- Deus está em nós, misturado em nós, sendo nosso ar, o fôlego que nos dar a vida viva todos os dias ao amanhecer...

Onde está Deus?
- Deus está perto; perto de quem o chama, perto de quem o busca, perto para socorrer, para se oferecer, perto para ser - o que sua alma precisa.

Onde está Deus?
- Deus está no sorriso que se abre de alguém que não tem motivo aparente para sorrir, e mesmo assim o faz, porque acredita e vive a projeção do que a sua fé o faz ver.

Onde está Deus?
- Deus está no aflito, no oprimido, no excluído, naquele que tem sede e fome e pede um gesto de compaixão.

Onde está Deus?
- Deus está em quem serve sem ser servido, em quem doa sem ter, em quem ama sem sentimentalismo, mas com atitude e decisão assertiva.

Onde está Deus?
- Deus está ao seu lado, vivendo com você, precisando do seu ouvido, de um abraço, de um ombro, de um gesto de gratidão, de que você ofereça uma xícara de café e um sorriso sincero pela manhã.

Deus está no outro!

Onde está Deus?
- Deus está no Silêncio. No silêncio que é resposta, que é conselho, que fala e cala, sempre que preciso.

Onde está Deus?
Deus está na esperança sólida, na justiça certa que alimenta o coração daquele que clama e espera pelo seu sopro.

Onde está Deus?
- Deus está em todo lugar, e inclusive em lugar nenhum, porque não se limita...
Deus sempre estará à distancia de uma oração.

[Daiane Matos M. Cruz]   

quinta-feira, 26 de setembro de 2013


Somos apenas um breve suspiro da eternidade,
O encontro do medo,
A piada da dor.
Somos apenas um punhado de desejos,
Um capricho do tempo,
O belo do horror.
Apenas e o suficiente...
Uma pitada de Deus, afogada num mar de amor.


[Daiane Matos M. Cruz]   

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Palavras malditas palavras


Assim vai me perdendo,
E eu vou me achando,
Entre palavras mal ditas,
Malditas palavras...
Eu só queria sumir,
No teu abraço.
Hoje em qualquer caminho
Que me leve pra longe.
Eu ainda estou no mesmo lugar,
Ainda dá tempo!
Mas você não vem...

Assim vai me perdendo,
E eu vou me achando,
Entre palavras mal ditas,
Malditas palavras...

[Daiane Matos M. Cruz]   

Mulher e poesia

Sem se preocupar com rimas,
Livre, é melhor viver,
Sem o apelo da simetria,
Eis um texto fleumático com harmonia, 
Prestes a nascer.
Ela quer a calma da brisa,
Que o vento a perdoe!
Está mais prosa que poesia,
A paz enfim, lhe abençoe.
Subjetiva vai vivendo,
Sem pressa nem correria.
Tendo em si, ainda que negando,
A essência da poesia.

[Daiane Matos M. Cruz]