Numa
paisagem incomum, coberta de sequidão,
Nasce
uma flor tão pequena, soterrada pelo árido chão.
De
longe é possível observar sua luta contra a natureza,
Delicada, embora guarde em si, grande destreza.
De
dia o sol escaldante não lhe dar sossego,
Lança seus raios impetuosos causando-lhe muito medo.
À
noite quando pensa estar segura, o frio vem lhe castigar,
Se
ao menos tivesse companhia, poderia esse tormento compartilhar.
As tempestades de areia assombram o seu coração,
Trazem consigo dois fortes sentimentos: dor e frustração.
A flor que já enfrentou algumas, aprendeu a lidar com elas,
São violentas e assustadoras, mas também são passageiras.
O
tempo vai passando e a pequena aprende a revidar,
Mede
forças com a natureza como se a pudesse derrotar,
Mas o deserto é forte como um rochedo, e paciente para lhe ensinar os seus segredos.
Não
é de admirar que depois de tanto tempo a flor esteja tão dura,
Fria
e gélida, perdeu assim, toda a sua doçura...
De
tanto que lutou, não enxerga mais a beleza,
Vive
esperando o seu fim, a fim de livrar-se da tristeza.
Aquela
flor altiva, cheia de vida e vontade de viver,
Agora
se curva infeliz esperando a morte aparecer.
Enquanto
se encontra com o rosto em terra, reconhecendo a vitória da natureza,
Uma
gota de chuva cai do céu banhando suas folhas com leveza.
A
flor olha para o céu e fica ali por muito tempo
Anestesiada,
extasiada, num misto de dor e contentamento.
Por
um momento sente esperança e se entrega a ternura,
Vive
como se fosse o ultimo, e por instantes esquece a amargura.
A
flor entendeu que não dá para medir forças com o deserto,
Que
ele é parte dela e estará sempre por perto.
Se
o olhar atentamente, vai enxergar grande beleza,
Pois
a verdade é que só reconhece a felicidade, quem já conviveu com a tristeza.
[Daiane Matos M. Cruz]
[Daiane Matos M. Cruz]